Trabalhista | Utilização da IA pelas Empresas para Medição da Produtividade: Vigilância ou Estratégia?

O monitoramento comportamental pode se apresentar como uma estratégia de RH, mas claramente demanda desafios.

Ferramentas de inteligência artificial (IA), usadas por grandes empresas, monitoram o uso de softwares, padrões de trocas de telas, tempo gasto em processos repetitivos etc., para extrair sinais de fadiga, insatisfação ou sobrecarga, bem como oportunidades de ajuste de fluxos de trabalho.

Em muitos casos, essa análise permite identificar gargalos operacionais e otimizar jornadas de trabalho, reduzindo custos, melhorando a produtividade e, ainda, contribuindo para a saúde dos trabalhadores. Não basta instalar sensores e relatórios: esta prática caminha sobre terreno delicado, devendo ser mantida transparência e confiança entre empregador e trabalhadores.

A LGPD e as boas práticas exigem de fato transparência, os colaboradores precisam saber quais dados são coletados e para qual finalidade, devendo ficar claro que qualquer prática discriminatória resta claramente afastada. Do ponto de vista humano, a linha entre cuidado e controle excessivo é tênue, e o custo de perder a confiança interna é alto.

Abaixo apontamos 4 boas práticas de mitigação de riscos e maximização do valor:


1. Explique claramente aos colaboradores o porquê e como da coleta de dados (finalidade legítima), sendo formalizado o respectivo instrumento contratual;

2. Use análises agregadas e estatísticas, não monitoramento individual invasivo, bem como buscando afastar práticas discriminatórias;
3. Combine os insights de IA com interpretação humana, contextualização e diálogo com gestores; e
4. Avalie regularmente o impacto no clima organizacional e ajuste políticas de coleta.


Quando bem aplicada, essa inteligência comportamental deixa de ser “big brother” e passa a ser uma fonte estratégica para todos os envolvidos: ajuda a reter talentos, adequar carga de trabalho, antecipar rupturas e preservar a saúde dos trabalhadores. A fronteira entre vantagem competitiva e risco trabalhista é estreita, e a tecnologia, por si só, não resolve tudo.

Avaliar legalmente esses projetos, desenhar políticas claras de governança de dados e garantir que a implementação respeite cultura e transparência é tarefa complexa, mas com as devidas cautelas pode representar efetiva vantagem competitiva e de retenção de talentos. 

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